A temporada de desova das tartarugas-marinhas no litoral brasileiro, sob a proteção do Projeto Tamar, começou em setembro. O objetivo era alcançar 15 milhões de filhotes soltos até março de 2013. A marca foi atingida na última sexta-feira (14) e foi comemorada no mesmo dia do aniversário de 33 anos do projeto. “Vamos continuar nessa luta por mais 33 anos ou até quando for preciso”, afirma Guy Marcovaldi, coordenador nacional do Tamar.Quatro das cinco espécies de tartarugas-marinhas que ocorrem no país (a tartaruga-verde se reproduz em ilhas oceânicas de dezembro a julho) visitam o litoral brasileiro de setembro a março durante a época de reprodução. As mães voltam às mesmas praias onde deram seus primeiros passos para deixarem seus ovos enterrados na areia.Assim que as tartaruguinhas nascem, começam uma jornada em direção ao oceano e à maturidade. Durante o caminho enfrentam o risco de serem pisoteadas, a ameaça de predadores em busca de uma refeição fácil, o perigo de ficarem enroscadas em redes de pesca e a desorientação causada pela iluminação artificial que as guia em sentido contrário ao do mar.
O lixo é outro problema. Em terra, atrapalha as fêmeas a construir o ninho e dificulta a chegada dos filhotes ao oceano. Na água, um saco plástico boiando é muito semelhante a uma água-viva. Pode ser confundido como alimento , ser engolido por engano e acabar levando o animal à morte.Para garantir o sucesso da temporada reprodutiva, o Tamar protege cerca de 1100 quilômetros de praias por meio de 23 bases de pesquisa em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso de tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
A equipe – composta por biólogos, oceanógrafos e pescadores locais – identifica as mães que chegam às praias para desovar, coletam amostras de pele para a realização de estudos genéticos, escavam ninhos para coleta e análise de dados e, se algum ninho estiver em local perigoso, transferem os ovos para outros trechos mais seguros da praia ou colocam-nos em cercados de incubação nas bases do Projeto.Segundo Marcovaldi, esses esforços permitem que cerca de 1,5 milhão de filhotes chegem ao oceano por ano e, apesar de a maioria continuar ameaçada de extinção segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), a população das cinco espécies de tartarugas-marinhas brasileiras segue crescendo.A marca de 15 milhões de tartarugas soltas foi comemorada juntamente com outro número significativo: o de 15 milhões de visitantes à sede nacional do Tamar, na Praia do Forte, Bahia. A coincidência reforça a frase de Marcovaldi: “Cada pessoa que visita o Tamar salva uma tartaruga-marinha.”
por: Fábio Paschoal
Fonte: National Geographic Brasil Acesse aqui
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