Pesquisar

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Como nasce uma super tempestade?

Um relato emocionante de como nascem as tempestades notáveis no meio-oeste dos Estados Unidos

"Há coisas que se aprendem na bonança", disse a escritora Willa Cather, acronista das Grandes Planícies, “e outras, na tempestade.” Embora não fosse sua intenção, bem que poderia estar se referindo ao clima da região. Todos os anos, essa área do meio-oeste dos Estados Unidos oferece um curso completo sobre as forças da natureza. De março a outubro,ocorrem ali milhares de tempestades notáveis. A meteorologia e a topografia conspiram para traçar murais turbulentos e quadros apocalípticos.

Quando o ar seco das montanhas Rochosas se encontra e desliza no ar úmido vindo do golfo do México, surgem as condições ideais para tempestades que podem destruir safras e propriedades, inundar estradas e cidades, matar animais e pessoas – o Serviço Nacional de Meteorologia americano registra dezenas de mortes a cada ano. Mas as tormentas também podem ser benfazejas, trazendo chuva aos campos ressequidos, vento a turbinas ociosas, nitrogênio gerado de relâmpagos ao solo desprovido de nutrientes.

                Movimento rapido das tempestades americanas
As tormentas se movem rapidamente. Esta, contudo, arrastou-se em uma comunidaderural por uma hora, carregada de eletricidade. “Nenhuma tempestade é igual a outra”, dizo meteorologista James LaDue. “Assim como um céu nunca é igual a outro.” ( Foto tirada em Guymon, Oklahoma)

Para documentar esses fenômenos que despertam temor e admiração, Mitch Dobrowner, um fotógrafo de paisagens inspirado em Ansel Adams e Minor White, juntou-se ao renomado caçador de tempestades Roger Hill, que já presenciou mais de 600 tornados. Nos últimos três anos, com a ajuda de dados obtidos por satélites, radares e outros equipamentos, os dois saíram em perseguição de 45 sistemas climáticos, através de 16 estados e 65 mil quilômetros, chegando às vezes a dirigir 1 500 mil quilômetros em um dia.

Fotografando em preto e branco, Dobrowner se interessa sobretudo pelas supercélulas, as mais raras tempestades. Um evento desses, diz Hill, “é a mais violenta e prolífica máquina de geração detornados que existe”. A supercélula precisa de quatro ingredientes: umidade, instabilidade atmosférica, corrente de ar ascendente e cisalhamento vertical do vento capaz de fazer girar a tormenta.


                Uma Supercélula, ou o início de uma tempestade épica
Não, não é espaçonave. É uma supercélula de baixa precipitação,“uma das visões mais belas nomundo do clima extremo”, diz o caçador de tornados Roger Hill. O fotógrafo Dobrowner contaque os dois perseguiram esta tempestade por 500 quilômetros. (Foto tirada em Clayton, Novo México)

Quando coincidem esses elementos, surge uma tempestade errática e dotada de estrutura única. Impelida por uma poderosa e giratória corrente ascendente, a supercélula pode se desviar do vento predominante, absorver ou dispersar outras rajadas em seu caminho e evitar a própria propensão a se extinguir através de precipitações, mantendo-se viva por períodos de até 12 horas.

Dobrowner e Hill veem as supercélulas como seres vivos: nascidas em condições adequadas, ganham força à medida que crescem, mudam de dimensão e formato, lutam pela sobrevivência e, afinal, morrem. Essa personificação não elimina o perigo. No Velho Oeste, conta Hill, as tempestades evocavam admiração e respeito. “É um privilégio fotografá-las”, diz Dobrowner. “Se é para me acontecer algo, que seja assim.”


                Nuvem de vórtice atinge Northfield, Minnesota, nos Estados Unidos, Tempestade
Nascida de uma supercélula, uma nuvem de vórtice assoma um milharal. (Foto tirada em Northfield, Minnesota)


                Tempestade a caminho de Lordsburg, Novo México
Similar ao cogumelo, uma tempestade de monção despeja um dilúvio sobre o deserto. A base desta nuvem pode estar pairando 3 mil metros acima do solo. (Foto tirada em Lordsburg, Novo México)

por: Jeremy Berlin

Nenhum comentário:

Postar um comentário